Mesmo vivendo nessa cidade de pedra, tão hinospita como São Paulo, tenho a sorte de na maioria das vezes que saio com meu bebê, encontrar algum estranho que me pára para brincar, conversar, elogiar e/ou expressar bons desejos a meu bebê.
Mas dentre todos esses mimos, o que mais me comove são os olhos mareados de saudade, alegria, culpa e dor de algumas senhoras que me dizem coisas como:
"- Que gostoso é ter um bebê, essa é uma das melhores fases e que passa muito rápido, aproveite muito, eu não pude curtir. Tive que voltar ao trabalho, aos finais de semana tinha que cuidar das coisas de casa, o tempo voou e não tive a chance de curtir tudo isso!!!"
Bom, levanto a bandeira para a importância da maternidade ativa, parto humanizado, aleitamento materno exclusivo até os 6 meses e em livre demanda até no minimo 2 anos, colo, cama compartilhada, criação com apego, introdução alimentar BLW, etc, etc, etc.
Mas travo quando alguma mamãe me pede apoio para a volta ao trabalho.
Estou a certo tempo pensando em escrever sobre isso, mas este tema realmente me toca muito. Eu tive uma mãe muito presente a medida do possível, que deixou um bom cargo em uma grande empresa aqui em SP para trabalhar como doméstica 3 dias por semana a fim de ter os outros dias livres para estar comigo e com meus irmãos.
Tem coisa mais gostosa que acordar com a mãe em casa?!
Pois, suponho que não, já que os dias que minha mãe ia trabalhar não tinham muita "graça", eu sentia um vazio e muita falta dela. Por outro lado, tê-la em casa por 4 dias na semana, era magnífico e até hoje penso no quanto isso foi importante para mim durante a infância.
Hoje olho para meu bebê e penso que a necessidade me chama para um trabalho fixo e pensar em ter que deixá-lo, aperta meu coração, por exemplo, ao imaginar situações como, outra pessoa cuidando, mesmo com carinho, mas não a minha maneira. Outra pessoa me contando que ele aprendeu a fazer ou falar algo na minha ausência, sem contar que sinto muito a necessidade de estar grudadinha com ele o dia todo, por mais cansativo que seja.
Ok, a necessidade nos obriga a ter que ir lutar pelo pão de cada dia e infelizmente nem sempre as coisas são exatamente como desejamos.
E o que fazer para amenizar essa angústia?
Algumas famílias se planejam para ter um bebê, e conseguem fazer economias. Então se você é tentante/desejante, pense nessa possibilidade, não precisa ser rica, diminua os gastos com compras parceladas, compre o necessário, diminua seu custo de vida e se puder faça uma poupança, se não puder guardar, ao menos não dê tantos gastos desnecessários a seu companheiro/a, isso evitará desconfortos na relação e o peso dele/a manter a casa financeiramente será menor e assim você poderá disfrutar da maternidade exclusiva por 1 ou 2 anos no mínimo.
Se você já está grávida, tente fazer o mesmo que indiquei acima, pense bem antes de gastar muito, sei que você deve estar encantada com tantas coisinhas fofas para bebês, como berços lindos, decorações de quartinhos e uma série de apetrechos. Mas pense bem se tudo isso é realmente importante e indispensavel para seu bebê ou se é mais para você se sentir realizada. Uma coisa é certa, muitas mamães não usam com o bebê nem metade do que compraram durante a gestação.
Ah, existem sites e grupos no facebook que vendem essas coisas de segunda mão (usadas) é mais barato e são peças semi novas, não é vergonha alguma comprar assim. Nosso bolso e o planeta agradecem. Pense bem, o bebê não precisa de muito para ser feliz e uma economia agora pode te dar a possibilidade de disfrutar de mais tempo em casa cuidando e curtindo a maternidade.
Agora para as mamães que já estão com seus bebês nos braços vendo o dia passar como um foguete, as contas chegando, o marido esgotado e preocupado ou até mesmo mamãe que é mãe solteira, que realmente precisa trabalhar e não quer ficar longe do bebê ou quer ter um trabalho mais flexível.
Faça algo que você possa vender, tem várias opções, sei que não é tão simples como parece, mas pode ser que você tenha habilidade com algo, como cozinhar, fazer doces, marmitex de final de semana, salgados, decorações para festas.
Sabe costurar, desenhar, fazer tricô, crochê, fazer unha, fazer maquiagem, tirar fotos? Venda seu trabalho!!!
Sabe falar outro idioma? Sabe ensinar algo? Dê aulas online no YouTube, skype, facebook ou presencial por um valor acessível!!!
Compre da China (no Aliexpress), compre em lugares mais baratos roupas, langerie, sapato, bijouterias e revenda. Talvez até monte um brechózinho online ou em sua casa e chame as amigas para comprar.
Aqui em SP, tem o primeiro Coworking - Na Casa de viver (que por sinal é onde atendo no consultório como Psicóloga), um local onde as mães que trabalham em diversas áreas como autônomas podem levar seus filhos de até 4 anos e locar uma sala para reuniões, etc. Enquanto isso seus filhos são acompanhados por cuidadoras no mesmo local, participando de atividades interativas, pertinho da mamãe.
Para as mamães que não tem jeito de trabalhar como autônomas e precisam voltar a rotina de trabalho, se puder converse com o chefe e diminua a carga horária, mesmo que diminua no salário, as que amamentam somente com leite materno verifique com o pediatra a possibilidade dele dar um atestado de afastamento para a amamentação por mais 2 meses após a licença maternidade (isso é possível, já vi alguns casos).
Se nada disso der certo, antes de voltar da licença verifique com a creche ou o cuidador que ficará com seu bebê se podem fazer um período de adaptação, onde aos poucos você vai deixando seu bebê com eles para que se acostumem a esta rotina sem tanto impacto emocional da separação entre vocês.
Pesquise na internet, pode ter muitas dicas e opções para você sobre esse tema!!!
E quando estiver em casa, aproveite para trocar muito amor e carinho com o bebê, sei que nem sempre o dia é favorável, todos estão cansados, mas dê muito colo e chamego para seu bebê, amamente mesmo que seja a noite toda, o bebê talvez queira ficar grudado em você, mas faz parte, você pode raciocinar e compreender a situação, mas ele ainda não é capaz disso, por isso ele quer aproveitar cada segundo de sua presença.
Fale quantas vezes for necessário, de suas angústias, de seus medos, suas dores, suas dúvidas. Conte para seu marido, sua mãe, sua amiga como está se sentindo ao viver tudo isso. Talvez possa te ajudar a aliviar a tensão e te dar forças para continuar.
Ah, e obviamente não deixemos de lutar pelo aumento no tempo de licença maternidade, pois é um bem para a humanidade, já que uma pessoa que cresce com amor, carinho e atenção de sua mamãe, tem mais chances de se tornar um bom cidadão, além disso as famílias ficam mais felizes e saudáveis.
Espero que essas reflexões te sirvam de algo, um abraço apertado e um grande beijo!!!
Força guerreira!!!
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