Próximo aos 6 meses de amamentação exclusiva e a introdução alimentar do meu bebê, pesquisei muito sobre como seria alimentá-lo de maneira saudável, respeitando seu tempo e limites.
Encontrei o BLW-Baby Led Weaning, Confesso que no inicio fiquei insegura quanto á engasgos, mas depois de me informar percebi que o BLW era uma ótima opção. (No final desta página tem um vídeo do meu bebê, comendo desta forma)
Bom, para que vocês compreendam melhor, entrevistei a Fonoaudióloga Alessandra Del Véchio, para que ela explique mais sobre o BLW
O que é o BLW?
BLW - Baby Led Weaning é um método de introdução
de alimentos ao bebê. A tradução literal é desmame guiado pelo bebê, criado por
Gill Rapley, uma consultora em saúde, na Inglaterra. É um método que tem
conquistado muitos adeptos na Europa e nos Estados Unidos desde 2008, e agora,
também no Brasil. Ao invés de papinhas amassadas, o bebê se alimenta com frutas
e legumes que possam ser colocados na mão do bebê e este tenha condições de
levar o alimento à boca.
Quais os benefícios do BLW em
relação a papinha?
Neste método, a alimentação é
totalmente saudável, não são utilizadas papinhas caseiras ou industrializadas.
O bebê tem a oportunidade de explorar os alimentos, perceber as diferentes
texturas, formatos, odores e irá explorar e aprimorar seu próprio paladar
naturalmente. Inicialmente, o ato de alimentar-se estará vinculado muito mais a
curiosidade da criança do que propriamente a fome e o momento da alimentação
pode tornar-se uma grande brincadeira.
Em termos de musculatura
orofacial, se o bebê fizer uso apenas de papinhas e alimentos pastosos, fará
pouco ou quase nenhum trabalho com a musculatura perioral (lábios, língua,
bochechas) o que futuramente pode acarretar em flacidez e hipotonia desses
órgãos. Costumo sempre referir o que as nossas avós diziam: “Deixe que o bebê
chupe o bifinho”. E elas estavam certas, o ato de sugar o peito, chupar a
carne, pão, legumes, faz com que o bebê exercite toda essa musculatura, o que
trará benefícios para as funções de mastigação, sucção, deglutição (ato de
engolir) e até mesmo prepara para a fala.
Quais os cuidados que se deve ter
antes de introduzir o BLW?
Cabe ressaltar que o bebê já deve
ter a capacidade de sentar e possuir coordenação motora fina (ato de pegar). Se
houver histórico de intolerâncias, alergias ou problemas digestivos, deve-se
perguntar ao pediatra sobre este método. Esses são requisitos necessários para
que o método seja introduzido. Tal fato não depende somente da idade, mas, do
desenvolvimento de cada criança.
Os pais também devem ficar
atentos ao peso da criança, acompanhando seu crescimento e desenvolvimento. De
acordo com o pediatra Gilson Bonomi, membro da Sociedade de Pediatria do
Distrito Federal: “Se a criança não estiver recebendo a quantidade de calorias
necessárias, isso vai se refletir no peso e aí é necessário garantir a nutrição
com as papinhas". Ressalta ainda que é importante cuidar da higiene do
local e das mãos do bebê, uma vez que não é usado talher.
É aconselhável dar o banho cerca
de 2 horas depois da refeição, porque é normal que a criança faça muita bagunça
e “sujeira” nesse momento. No BLW isso realmente deve acontecer, para que o
bebê explore tranquilamente o alimento e tudo ao seu redor.
A amamentação pode e deve
continuar tranquilamente. O BLW será um complemento.
O risco de engasgo é igual da
papinha?
Segundo a criadora do método,
Gill Rapley, é mais fácil o bebê engasgar com alimentos dados na colher do que
os que ele consegue pegar com as próprias mãos. Isso porque no processo de
desenvolvimento motor, a criança desenvolve primeiramente a habilidade de
engolir, depois a de mastigar e só depois a de colocar alimentos na boca. Ou
seja, se ele já consegue colocar o alimento sozinho na boca, mostra que está
apto para mastigar e engolir alimentos sólidos. Quando a alimentação é feita
com a colher, não há como garantir que ele já tem essas capacidades e aí o
risco de asfixia é maior.
O que ė o Gag-Reflex?
O gag-reflex é também conhecido
como reflexo de vômito, é um reflexo e/ou capacidade natural que o bebê possui
de trazer a comida que está perto da garganta pra frente da boca, evitando o
risco de engasgar. A nutricionista pediátrica Tina Schallhorn relata que o
reflexo, parecido com o de uma ânsia de vômito é, geralmente, mal interpretado
como engasgue, na opinião da nutricionista, mas é, na verdade, um sinal de que
o bebê está apto para se proteger do incidente. E indica que as primeiras
comidas sejam mais macias e fáceis de pegar.
Como identificar um engasgue real
e o que fazer?
No engasgue real o bebê pode vir
a ficar com a traquéia total ou parcialmente obstruída. Nesses casos, a criança
não consegue tossir e pode vir a ficar com os lábios arroxeados. Nesses casos,
não tente tirar o alimento com as mãos. Realize algumas manobras para auxiliar
no processo de desengasgue. Tais como as descritas nesse site:
http://www.tuasaude.com/o-que-fazer-se-o-bebe-engasgar/. E, se não houver
resposta, chame uma ambulância ou ligue para 190 e peça auxílio.
Qual o tamanho dos alimentos e quais deve-se
evitar?
Justamente para evitar-se
engasgues, ofereça alimentos cozidos no vapor a ponto de ficarem macios. O
tamanho deve ser de palitinhos que caibam nas mãos do bebê. No caso de legumes,
deixe que eles segurem pelo cabo (por exemplo brócolis e couve flor). Nunca
deixe seu bebê sozinho no momento da refeição. Não ofereça fast foods, refeições prontas ou alimentos
com sal ou açúcar. Não ofereça alimentos que possam ocasionar enguasgues como
amendoim ou balas.
Como auxiliar a comunicação do bebê no
momento da refeição?
O ato de alimentar seu bebê pode ser uma grande oportunidade de
trabalhar a comunicação. No método BLW ainda mais, pois, o bebê vai entrar em contato
com os alimentos reais, embora, não serão ofertados no tamanho real. No
entanto, antes de cortar no tamanho ideal (palitinhos) a mãe e/ou quem estiver
oferecendo a comida pode conversar com o bebê da seguinte maneira: “O/A
________ (diga o nome da criança) vai comer banana”; “Olha a banana é amarela,
a maçã é vermelha” ou ainda “Que cheiro bom...vamos cheirar?”. Nessa conversa,
deve-se articular bem as palavras, mostrar o alimento ao bebê, falar com o bebê
na mesma altura, deixar que ele olhe para os seus lábios, pode-se criar
músicas, entre outras tantas estratégias. Desse modo, a criança irá desenvolver
naturalmente os aspectos sensoriais, cognitivos tão importantes na fala e na
comunicação como um todo. Desde que não
ocorra nenhum comprometimento orgânico que impeça esse desenvolvimento. De
maneira geral, o momento da refeição é muito rico para auxilar no
desenvolvimento infantil.
Quer aprender mais com a Alessandra? Acesse seu Blog http://arteefonoaudiologia.blogspot.com.br/
VEJA O BLW NA PRÁTICA, NO VÍDEO QUE FIZ PARA VOCÊS: